Friedrich Nietzsche nasceu numa família luterana em 1844, sendo destinado a ser pastor como seu pai, que morreu jovem em 1849 aos 55 anos, junto com seu avô (também pastor luterano). Entretanto, Nietzsche rejeita a fé durante sua adolescência, e os seus estudos de filologia o afastam da teologia.
O que realmente poderia ter afastado Nietzsche do seu desejo de seguir os mesmos passos de seu pai e a avô, que eram pastores? Creio que o mesmo que aconteceu com Mahatma Gandhi e outros - perceberam que o “Deus e o Cristo” do cristianismo não são o Deus e o Cristo de amor e paz que a Bíblia apresenta.
Creio também na possibilidade que Caio Fabio e Ruben Alves têm em esperar ver Nietzsche ao lado de Deus, Apóstolos e Patriarca na grande ceia.
Você pode estar se perguntando: por que crer na possibilidade de ver junto a Deus um homem que matou Deus em seu coração? Mas como poderia Nietzsche matar um “Deus” que já nasceu morto, o “Deus” da religião?
Creio como Nietzsche, que realmente só matando o “Deus” da religião dentro de si (...) é que verdadeiramente perderemos o pânico da morte e conseqüentemente o medo da vida.
A Oração ao Deus Desconhecido de Friedrich Niezsche.
(Tradução: Leonardo Boff)
Antes de prosseguir em meu caminho e lançar o meu olhar para frente uma vez mais, elevo, só, minhas mãos a Ti na direção de quem eu fujo.
A Ti, das profundezas de meu coração, tenho dedicado altares festivos para que, em cada momento, Tua voz me pudesse chamar.
Sobre esses altares estão gravadas em fogo estas palavras:
"Ao Deus desconhecido”.
Seu, sou eu, embora até o presente tenha me associado aos sacrílegos.
Seu, sou eu, não obstante os laços que me puxam para o abismo.
Mesmo querendo fugir, sinto-me forçado a servi-lo.
Eu quero Te conhecer, desconhecido.
Tu, que me penetras a alma e, qual turbilhão, invades a minha vida.
Tu, o incompreensível, mas meu semelhante, quero Te conhecer, quero servir só a Ti.
[Friedrich Nietzsche]
Rener Brito